domingo, 12 de outubro de 2008
COMO A FONÉTICA EXPLICA O BEIJO
achada no site da globo.com
Passados tantos anos, lembro-me agora de um episódio, envolvendo dois alunos em uma inesperada cena de beijo durante uma aula de português para adolescentes do ensino médio. Estava concentrado na aula de fonética e fonologia do Português, tirando dúvidas quanto à divisão silábica de algumas palavras irregulares do português, e, num átimo, surpreendi-me (e os demais alunos da sala) com ruídos de beijos no final da sala. Como me comprometi comigo mesmo, desde cedo, de nunca colocar aluno fora de sala, senti, naquele momento, que teria, como educador e como docente de língua materna, de dar uma resposta à situação em "alto nível".
Diante da cena romântica de dois "ficantes", a sala esperou minha reação e um dos alunos, resolveu, então, me provocar: "E aí, professor, o que tem a ver beijo com aula de fonética?". E, como aceitando a provocação, respondi convicto: "Gente, parece até brincadeira, mas beijo tem mais a ver com nossa aula de fonética do que com o afeto daqueles dois". E continuei: "Acho que o episódio de hoje é um bom exemplo para entendermos todas as consoantes do português que envolve os lábios e a língua". Claro, a gargalhada foi geral.
Na fonética, temos consoantes bilabiais como nas palavras pêra, bola e mala em que os sons são produzidos por um falante, com os lábios unidos. Falantes de uma língua portuguesa também podem produzir sons labiodentais, como nas palavras faca e vaca, em que o lábio interior toca os dentes incisivos superiores. Temos nas palavras vaca e faca, as fricativas /v/ e /f/ que são, a rigor, monolabiais, uma vez que são os únicos sons da fala em que apenas um dos lábios é o articulador principal.
E o beijo? O que é o beijo, foneticamente e fisiologicamente, falando? Nada mais é do que o ato ou efeito de tocar, pressionando, os lábios sobre qualquer parte do corpo de uma pessoa, animal, ou sobre objeto querido ou com valor simbólico, podendo incluir também movimentos de sucção, geralmente, para demonstrar carinho e afeto. O beijo só é beijo de verdade, digamos assim, quando envolve duas bocas ou quatro lábios. Por isso, o beijo é foneticamente uma articulação quadrilabial.
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Um comentário:
Adoro quando bloqueiros capturam meus textos e os publicam em seus sites pessoais. Todavia, não é procedimento ético-internetês publicar os créditos de autoria? No texto "Como a fonética explica o beijo" é o professor Vicente Martins, professor de Fonética e Fonologia da UVA, em Sobral, Estado do Ceará.
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